Polícia Militar anula questões de concurso interno da corporação por suspeita de vazamento de informações

A decisão foi tomada após minuciosa analise.

Por Tcharlles Fernandes

Na tarde desta terça-feira, dia 16, a Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) divulgou o resultado prévio dos candidatos aprovados no processo seletivo interno para o Curso de Formação de Sargentos (CFS).

Conforme o diretor do Departamento Pessoal (DP) da PMSC, Tenente-coronel Fred Hilton Gonçalves da Silva, após criteriosa avaliação, cinco questões do prova, todas da disciplina de Prevenção ao Crime, foram anuladas em respeito aos princípios da autotutela, da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, norteadores da Administração Pública, e com base no que dispõem os itens do edital, a fim de garantir a total isonomia dos candidatos e a lisura do certame.

A anulação se deu após o Tenente-coronel Alberto Cardoso Cichella, Chefe da Central Regional de Emergência (CRE) do 6° Comando Regional de Polícia Militar (6°CRPM), com sede em Criciúma, ter participado da elaboração do certame.

No art. 6° da instrução reguladora sobre o processo de seleção interna para CFS, constava a vedação de professores na elaboração da prova.

Art. 6o É vedado fazer parte da equipe de professores (autores) que elabora questões:
I – autores que ministrem aulas em cursos preparatórios para seleções ou concursos similares, gratuitos ou não;
II – autores parentes, consanguíneos ou por afinidade, até o 2o grau, inclusive, cônjuges ou companheiros (as) de inscritos no processo seletivo.

Logo após a aplicação da prova, realizada em todo estado no dia 17/03/2024, alguns policiais que realizaram o concurso interno constataram que as questões 40, 41, 43, 44 e 45, elaboradas pelo Tenente-Coronel Cichella, haviam sido previamente debatidas em um curso preparatório, onde a disciplina era ministrada pelo Oficial supracitado.

A empresa responsável pela comercialização do curso preparatório, a Prodez Concursos, com sede em Criciúma, em contato com a nossa reportagem disse que apesar das aulas gravadas pelo Tenente-coronel terem sido disponibilizada para venda no curso destinado à preparação da prova que foi realizada no dia 17/03, eles teriam sido gravadas no ano de 2023.

No curso preparatório disponibilizado para venda, o Tenente-coronel Cichella consta como professor em uma das disciplinas.

Um dos policiais ouvidos pela nossa reportagem, sob a condição de anonimato, mostrou-se indignado com a situação.

Eu não tive condições de adquirir o curso preparatório, porém estudei muito para tentar obter o resultado necessário para subir mais um degrau em minha carreira. Não é justo, não é moral. Quem teve acesso ao conteúdo gravado pelo Tenente-coronel Cichella foi beneficiado. A prova era igual às aulas ministradas por ele, sobre a Prevenção de Crimes. Não tem cabimento isso, claro que os alunos dele foram favorecidos. Como um Oficial pode dar aula em um curso preparatório e depois o mesmo Oficial elaborar a prova? Ele deveria ter a hombridade de ter se acusado impedido de participar da banca. Com certeza, eu vou ajuizar uma ação contra o estado. Mesmo as questões tendo sido anuladas, não repara esse absurdo, disse o policial.

Procurado para se manifestar sobre o caso, até o momento o Tenente-coronel Alberto Cardoso Cichella não respondeu os questionamentos.

Conforme o jornalista Marcelo Lula, do SC em Pauta, a preocupação na PM é com possíveis judicializações. A situação também foi alvo de críticas entre coronéis, que responsabilizaram o comando-geral pelo problema ocorrido no concurso interno.

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