
Zanoni dos Santos Elias, ex-gestor judicial da Criciúma Construções e atual diretor financeiro de uma universidade de Criciúma, foi apontado pelo poder judiciário como suposto “laranja” do empresário Rogério Cizeski. Conforme a Justiça, o executivo estaria simulando a titularidade de bens de alto valor para beneficiar Cizeski.
Segundo o processo, que tramita em Araranguá, Zanoni usou sua empresa pessoal, Cristal Serviços Eireli, para registrar em nome próprio um veículo de luxo que, na realidade, era usado exclusivamente por Cizeski. Nessa quarta-feira (30), o portal Melhores Publicações divulgou com exclusividade que Zanoni, após 10 anos, não ocupa mais a função de gestor judicial da construtora.

Veículo de luxo registrado em nome de terceiro para impedir a busca e apreensão
O veículo em questão, um Land Rover Discovery Sport 2018/2019, avaliado atualmente em cerca de R$ 200 mil, foi penhorado em um processo movido contra Rogério Cizeski. Tentando impedir a apreensão do automóvel, a empresa de Zanoni alegou, judicialmente, ser a legítima proprietária do bem. No entanto, o juiz Gustavo Santo Mottola, da 2ª Vara Cível da Comarca de Araranguá, identificou simulação patrimonial com objetivo de fraudar a execução.

Durante alguns dias a rotina de Cizeski foi monitorada, tendo sido ele flagrado utilizando o veículo para diversos fins. Testemunhas ouvidas pelo portal relataram, ainda, uma relação de amizade pessoal entre Zanoni e Cizeski, o que teria facilitado a manobra ilegal.

Confusão patrimonial
A Criciúma Construções, durante a gestão judicial de Zanoni, foi alvo de questionamentos quanto à separação patrimonial entre a empresa e seus sócios. Os autos revelam que a gestão financeira da construtora era realizada por meio de contas bancárias da própria empresa de Zanoni, a Cristal Serviços, com autorização judicial. Essa estrutura teria permitido a aquisição do veículo em nome da Cristal, mas com destinação prática ao uso exclusivo de Cizeski.
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), ao julgar recurso interposto por Zanoni, manteve integralmente a sentença proferida pelo juízo da Comarca de Araranguá, reforçando que o uso efetivo e exclusivo do veículo por Cizeski configurava posse com ânimo de dono (intenção de uma pessoa de agir como proprietária de um bem) ainda que o registro no Detran estivesse em nome da empresa do diretor financeiro da universidade.
Após a decisão, a Justiça determinou que Zanoni indicasse o paradeiro do veículo. Contudo, ele não foi localizado para ser intimado e não respondeu às mensagens enviadas por oficiais de Justiça.

Exoneração da gestão judicial
Zanoni foi exonerado da função de gestor judicial da Criciúma Construções há menos de 10 dias, após mais de uma década de atuação. Embora não haja relação oficial entre a exoneração e o episódio da simulação patrimonial, a proximidade temporal indica a possibilidade.
A conduta atribuída a Zanoni, conforme especialistas ouvidos pela reportagem, pode configurar como fraude à execução, desvio funcional como gestor judicial, e, eventualmente, implicar em responsabilidade civil e penal.
Quando um gestor judicial — auxiliar do juízo — se presta a ocultar patrimônio do devedor e frustrar a execução, há um abalo não só no processo, mas na confiança pública nas instituições. E essa confiança precisa ser urgentemente restaurada, afirma um jurista consultado pela reportagem.
O que diz os envolvidos
As defesas de Zanoni Elias e Rogério Cizeski foram procuradas, mas até o momento não responderam à reportagem. O espaço segue aberto.