
O autodenominado repórter Rodrigo Cabral, de 34 anos, está sendo acusado de aplicar diversos golpes financeiros na região de Criciúma.
De acordo com levantamentos realizados pela reportagem, até a publicação desta matéria, ao menos cinco boletins de ocorrência já haviam sido confeccionados em desfavor de Cabral por pessoas que relatam terem sido vítimas de estelionato perpetrado pelo homem.
Atualmente, Cabral se recupera no hospital São José (HSJ) após atentar contra própria vida na manhã dessa terça-feira (8). O estado de saúde do acusado é desconhecido.
Golpes
Na condição de organizador de um evento (Tardizinha do Cabral) o “jornalista” teria, em tese, ludibriado as vítimas e obtido vantagens indevidas através de fraudes.
Entre as pessoas lesadas estão empresários, advogados e até mesmo um vereador da cidade de Criciúma.
No mês de maio, ele me procurou dizendo que precisava de ajuda financeira para quitar parte do contrato com a principal atração artística da “tardezinha”. A festa, até então, ocorreria no mês de agosto. Para me convencer a ajudá-lo, ele me ofereceu 30% do lucro líquido de todo o evento. De boa-fé, não imaginando o que poderia ocorrer, emprestei ao Cabral R$ 8 mil para ele pagar parte do contrato com o Grupo Pique Novo. Ontem, tomei conhecimento de que ele nunca pagou o contrato, que pegou meu dinheiro e gastou outras coisas, disse um advogado de Criciúma.
Outra vítima, um empresário, alega que o prejuízo dele foi ainda maior, totalizando cerca de R$ 20 mil. Segundo o homem, Cabral teria, inclusive, falsificado um comprovante de “pix” para se apropriar do dinheiro.
Com intuito de organizar o evento, o Rodrigo (Cabral) me convidou para ser sócio dele nessa edição do “Tardizinha”. Na promoção de shows como este, a prática é normal. Repassei ao Cabral cerca de R$ 20 mil para ele pagar o Grupo Pique Novo como parte do contrato. Após receber o dinheiro, ele me enviou um comprovante de “pix” dizendo que havia pago a parcela. Continuamos trabalhando, até a equipe dos cantadores entrar em contato comigo, me cobrando. Eles me falaram que não receberam nenhum real do Cabral. Eu peguei o comprovante e mostrei para o pessoal do grupo, mas descobri que o documento tinha sido fraudado pelo Cabral, contou um empresário.

comprasse ingresso de festa
Na lista de vítimas, há também uma mulher que chegou a fazer aproximadamente 100 cachecóis para entregar às pessoas que comprassem ingresso para o show.
O Cabral me procurou solicitando para eu fazer cerca de 100 cachecóis para ele distribuir para quem comprasse os ingressos da festa. Eu disse que a confecção dos cachecóis ficaria em torno de R$ 7 mil. Ele concordou com o valor e me pagou com um cheque em nome de outra pessoa. Os cachecóis ficaram prontos, porém, ao ir ao banco descontar o cheque, descobri que a assinatura do titular da conta havia sido, provavelmente, falsificada pelo Cabral. Não consegui receber o dinheiro, conta a mulher.
Estima-se, inicialmente, que pelo menos 10 empresas também possam ter sido lesadas ao repassar valores e produtos físicos como cota de “patrocínio” para as marcas e produtos aparecerem no evento.

A reportagem entrou em contato com a produtora do Grupo Pique Novo, que através de nota, confirmou o cancelamento do show devido à quebra contratual.
Informamos que o show do grupo Pique Novo, que aconteceria no dia 09/08/2025, em Criciúma, foi cancelado por motivos de força maior. Apesar dos esforços de todas as partes envolvidas, não foi possível manter a realização do evento na data prevista.
Os valores pagos pelos ingressos serão devolvidos integralmente. A solicitação de reembolso vai ser feita diretamente pela plataforma oficial de vendas, Topedindo Ingressos. Agradecemos a compreensão de todos.
Na tarde desta quarta-feira (9), por meio de um número desconhecido, algumas vítimas receberam mensagens de ameaça pedindo para que o caso não fosse registrado junto à polícia. Devido aos fatos, a Polícia Civil (PC) instaurou um inquérito para apurar o caso.
O acusado, que possui passagens pela polícia pelos crimes de estelionato, apropriação indébita e furto, por conta do seu estado de saúde, não respondeu à reportagem.