Moradores denunciam rotina de insegurança em condomínios do ‘Minha Casa Minha Vida’ em Criciúma

Em 2015, uma operação chegou ser deflagrada por conta do mesmo problema.

Por Tcharlles Fernandes

Em Criciúma, a insegurança vem preocupando cada vez mais moradores de condomínios do Programa “Minha Casa Minha Vida”. Tivemos acesso a algumas denúncias feitas por moradores do condomínio San Diego, localizado no bairro Quarta Linha e por moradores do residencial Carmel, no bairro Cidade Mineira Velha.

Conforme os moradores, famílias estão sendo expulsas de seus apartamentos por grupos envolvidos com o tráfico de drogas. O Portal Melhores Publicações ouviu alguns residentes sobre os problemas nos condomínios citados.

A Polícia Militar (PM) enviou posicionamento sobre as medidas em andamento (leia no final do texto).

Sem paz

Dos 217 mil habitantes de Criciúma, cerca de 2.500 famílias moram nos condomínios do Minha Casa Minha Vida existentes na cidade. Por medo de represálias, muitos moradores não falam sobre o assunto e não registram os casos junto à polícia. Desde que não fosse identificado, um homem concordou em conversar com nossa equipe. A gravação teve que ocorrer em um ponto destinto.

Aqui no San Diego temos medo de denunciar. Os criminosos estão sempre atentos. Eles obrigam os moradores a sair dos apartamentos para que os locais sirvam como pontos de venda e armazenamento de droga. Falam que se a gente conversar com a polícia sobre isso, sofreremos as consequências. O pior de tudo é que tem pessoas ligadas à direção do condomínio que também jogam ao lado desses bandidos. A gente não sabe a quem recorrer. A PM está quase sempre aqui e nos trás uma tranquilidade, mas como tem pessoas fortes da direção do condomínio envolvidas com os traficantes, fica difícil, contou o morador.

A maior parte dos crimes ocorrem por conta do tráfico de entorpecentes. Um jovem que reside no Carmel disse que é praticamente impossível sair de casa sem sentir medo. No Carmel, alguns brinquedos estão quebrados e enferrujados.

É bastante difícil conviver com o crime todos os dias na porta de casa. A maior parte das famílias que moram aqui são gente de bem. Não é segredo para ninguém que vivemos com medo, que esses bandidos vivem se envolvendo em confusões e trazendo usuários de drogas para o condomínio. Quem vive aqui, vive porque precisa. Eles expulsam as famílias de casa e pra onde os moradores vão? Eu já fiz uma denúncia anônima no Ministério Público, mas até agora não deu em nada. As crianças ficam jogadas o dia inteiro, não tem nada pra elas fazerem a não ser ficar vendo a criminalidade que rola aí. Como que as crianças crescem? Revoltadas. Aqui só tem criança revoltada, desabafou.

Posicionamentos

Os casos de invasão e crimes em geral são investigados pela Polícia Civil. Para o delegado Márcio Campos Neves, o assunto é delicado.

Em 2015, trabalhamos em um caso que prendeu muitos bandidos que estavam fazendo isso em Criciúma. Agora, os criminosos estão agindo de uma forma mais "silenciosa". Determinados condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida não deveriam ser verticais (em forma de prédio), porque isso ajuda os bandidos que habitam o local. Por conta da verticalidade dos prédios, a polícia encontra dificuldades em solicitar um mandado de busca e apreensão, por exemplo. Os criminosos usam a altura do prédio como mirante, ficam monitorando a chegada da polícia, colocam olheiros na portaria, etc. Tudo isso para impedir um possível flagrante. Quando acontece de ser identificado o local exato em que os traficantes estão morando, por conta da facilidade que a verticalidade trás, os bandidos acabam invadindo outros apartamentos e se escondendo, prejudicando assim o trabalho de investigação. As vítimas, muitas vezes pessoas carentes, acabam não denunciando por medo, porque elas vão acabar tendo que continuar morando ali. Mesmo assim, a polícia trabalha forte para que situações assim não aconteçam, conclui o delegado.

O Secretário de Assistência Social e Habitação de Criciúma, Bruno Ferreira, informou que o Município está à disposição.

É preciso lembrar que, em que pese o Município ser parceiro, o Trabalho Técnico Social (pós-ocupação) já se encerrou, salientando que o contrato é feito entre o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), de gestão da Caixa Econômica Federal (CEF) e os moradores, não sendo parte do mesmo o Município. Ainda assim, o Município sempre auxilia, tanto quanto possível, na gestão dos problemas condominiais e sempre está à disposição para o que os proprietários precisarem.

Em nota, a Caixa Econômica Federal (CEF) informou que, com relação aos casos de segurança pública nos condomínios populares, encaminha as denúncias à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). É a determinação da portaria interministerial nº 647/2014 que pretende integrar ações preventivas e corretivas de condutas ilícitas em programas habitacionais da União.

A PM, por meio do comandante do 9° Batalhão de Polícia Militar (9°BPM) de Criciúma, Tenente-coronel Sandi Sartor, esclareceu que tem executado o policiamento em todos os condomínios residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, fazendo o patrulhamento para garantir a segurança dos moradores, bem como evitar crimes contra o patrimônio.

Realizamos rondas preventivas diárias, além do contato pelas redes de vizinhos, bem como, atendemos a todas as ocorrências geradas pelo 190. Por fim, a Polícia Militar atua na repressão qualificada com ações coordenadas, disse o comandante.

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